A relação entre animais e tutores para lá da pandemia

A doença provocada pelo coronavírus teve uma progressão exponencial a nível global, levando à adoção de várias medidas restritivas, no que respeita a circulação e o contacto entre pessoas. O efeito dessas medidas levou ao isolamento de muitas pessoas em casa, reduzindo, significativamente, o contacto entre familiares, vizinhos e colegas de trabalho.

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A doença provocada pelo coronavírus teve uma progressão exponencial a nível global, levando à adoção de várias medidas restritivas, no que respeita a circulação e o contacto entre pessoas. O efeito dessas medidas levou ao isolamento de muitas pessoas em casa, reduzindo, significativamente, o contacto entre familiares, vizinhos e colegas de trabalho.

 

 

A pandemia como fator de aumento das adoções de animais

De acordo com estudos realizados nos EUA e em Espanha, ainda no período inicial da pandemia, demonstraram que o isolamento da população levou a um aumento das adoções de animais de companhia, na sua maioria cães e gatos. A origem desse fluxo deve-se à intenção de reduzir a solidão, em alguns casos, e à possibilidade de sair de casa, com a justificação de passear o animal de estimação.

É conhecido o benefício psicológico da presença de um animal de companhia no seio familiar, com efeitos interessantes na redução do stresse e ansiedade, tão notório nos períodos de confinamento durante a pandemia.

O facto dos tutores permanecerem mais tempo com os seus companheiros de quatro patas, proporcionou-lhes mais tempo para observar os seus animais e estarem mais atentos às suas atividades diárias.

O impacto sociopsicológico de um maior número de adoções de animais levou a uma diminuição dos níveis de ansiedade e de stresse, associados à reduzida ou inexistente interação social, provada pelo confinamento.

 

 

Porque é que o comportamento do meu cão mudou durante a pandemia?

Se, por um lado, o contacto diário mais intenso com o tutor e a maior atividade física diária, produziu períodos de excitação e bem-estar, por outro, desencadeou maior tensão entre tutores e animais, pela tentativa de maior atenção e interação.

Essa insistência gerou alguma tensão, ansiedade e períodos de stresse, exacerbando, por vezes, comportamentos erráticos (vocalização excessiva, destruição de objetos da casa, entre outros comportamentos).

Contrariamente, os gatos foram menos afetados pelas alterações provocadas pela pandemia. Mantiveram a sua atividade normal e, como referido nos estudos realizados nos EUA e em Espanha, beneficiaram da presença permanente do tutor para a obtenção de brindes e “extras” alimentares, contribuindo para um aumento de peso.

 

 

O comportamento dos animais pós-pandemia

Em 2022, com o reajuste da sociedade para o regresso às atividades e rotinas habituais, levou a que os animais sofressem um aumento dos níveis de ansiedade, uma vez que estavam habituados à presença dos seus tutores, a um maior número de horas de atividade e a uma quantidade extra de alimento.

Face a este reajuste, muitos animais iniciaram manifestações de comportamento erráticas (marcação com urina ou fezes, maiores períodos de vocalização, inapetência, comportamentos destrutivos e até mesmo agressividade redirigida).

 

 

O que fazer para atenuar a ansiedade do meu cão ou gato no regresso às rotinas?

No período transitório da readaptação da atividade laboral e reajuste da interação tutor- animal, é essencial o enriquecimento ambiental em casa, com mais brinquedos, brinquedos com alimento escondido, mais plataformas de descanso (no caso dos gatos) e ponderar até, no caso dos cães, a introdução do animal numa “creche”. Estes espaços fomentam a atividade física, permitindo reduzir a energia acumulada durante o dia, e possibilitam a interação com outros animais e pessoas, enquanto o tutor estiver ausente.

No caso dos cães e gatos que possam ter maior dificuldade em readaptar-se, pondere a introdução de alimentos complementares compostos ou outro tipo de abordagens, que promovam o bem-estar do animal. Para o efeito, aconselhe-se junto do seu Médico Veterinário.